As flores do mal

“As flores do mal”:

A experiência da denegação do outro generalizado na internet


Artigo publicado por José Manuel Resende & Lucas Freitas de Souza, em 2019, na Revista Estudos de Sociologia.


Resumo:

Em proporções jamais vistas pela humanidade, a chegada da primavera árabe enfatizou o debate a respeito das migrações forçadas. O tema, agora em voga, são os refugiados. Fugindo do caos dos conflitos armados, são as flores de uma primavera de sangue e dor. Em busca de melhores condições de vida, mais de 68 milhões de pessoas migram de forma desordenada por todo o globo. A fuga deste conflito acaba por trazer à tona um novo conflito para seus atores. O partir, o chegar e o permanecer são agora o problema. Questões de acolhimento e hospitalidade são levantadas. Muito mais complexo que o simples receber, estas flores que agora habitam outros jardins não são vistas, muitas vezes, como tal, e sim, como ervas daninhas. O presente ensaio pretende “emoldurar”, com base na análise de comentários retirados do Web Mundo, a imagem do refugiado sírio contruída pelos nacionais portugueses. Pretende ainda analisar os confrontos enfrentados por estes refugiados durante o processo de socialização e sua experiência em relação ao chegar (acolhimento) e ao permanecer (hospitalidade), transpondo a instável ponte entre o “sejam bem-vindos” e os “refugiados de merda”.

Os filhos de um deus menor:

Os filhos de um deus menor:

de arisco à chegada à acolhida pela philia


Artigo publicado por José Manuel Resende & José Maria Carvalho, em 2021, na Revista Vértices.


Resumo:

O alargamento da escolarização obrigatória e a tendência dos fluxos migratórios registada em Portugal neste século confrontamnos com a questão do acolhimento dos alunos estrangeiros na escola. A partir de uma pesquisa empírica em duas escolas do ensino Secundário situadas na área metropolitana de Lisboa, e com recurso a dados provenientes da observação etnográfica e da aplicação de entrevistas semidiretivas, propõe-se uma reflexão em torno das artes de fazer e refazer o comum no plural a partir da figura do estrangeiro. As sociabilidades escolares entre pares e o estabelecimento de relacionamentos de amizade e filiais afigurou-se um ponto de entrada profícuo para compreender os processos de acolhimento daqueles que, porque pouco familiarizados com a escola portuguesa, enfrentam situações de inevitável ansiedade e incerteza num período crítico das suas vidas, a adolescência.

As provas da hospitalidade nas escolas do Ensino Secundário em Portugal

As provas da hospitalidade nas escolas do Ensino Secundário em Portugal


Texto de José Manuel Resende, publicado como capítulo no livro «Escola Justa: Diversidades, Desafios e Possibilidades», de Pâmela Esteves & Pedro Teixeira, em 2019.


Resumo:

Tratar a hospitalidade na escola é uma das entradas possíveis para analisar de um ponto de vista sociológico como os professores e os alunos agem nos territórios escolares quando são confrontados com problemas que nas suas consequências os levam a problematizar e a questionar, encarando-os como questões de justiça em ação. Na verdade, o equacionamento da hospitalidade habitualmente aparece na arena pública escolar como experiências vividas a partir de acontecimentos inóspitos que ali são vivenciados quer pelos atores que os monitorizam e os exprimem, quer pelos atores que os consideram, ao invés, como ocorrências cujos efeitos estão em conformidade com aquilo que esperam que aconteça no quotidiano desta instituição.