Está o Governo da Escola sob o comando da norma padronizada?

Está o Governo da Escola sob o comando da norma padronizada?

Quando a crítica mordaz curto-circuita as ordens de grandeza das formas de governação


Artigo publicado por José Manuel Rezende, Luís Gouveia & David Beirante, em 2019, na Revista Sociologia Online.


Resumo:

O conjunto de mudanças que ocorrem nos sistemas educativos nas últimas décadas tem como vetor fundamental amudançadoprogramade justiça que orienta o seu funcionamento. Éo paradigma de escola eficaz que ganha paulatinamente terreno. Esta evolução no plano dos princípios de justiça e lógicas de funcionamento tem repercussões nas formas de exercício da atividade docente, enquanto pilar incontornável para a prossecução destas novas orientações. Ora, estas novas demandas não significam que elas sejam mecanicamente assimiladas por estes profissionais. É perscrutável uma diversidade de lógicas atuantes, assentes em diferentes composições de regimes de envolvimento na ação, no exercício da atividade, e que entram em tensão de diferentes formas com as lógicas performativas incrustadas no funcionamento do sistema educativo. Alguns dos dados recolhidos no âmbito deumprojeto de investigação fornecem o suporte empírico para as indagações que se pretendem desenvolver sob um enfoque teórico de cariz pragmatista.

Compor o reconhecimento: explorar laços com os outros na escola

Compor o reconhecimento: explorar laços com os outros na escola

explorar laços com os outros na escola

Artigo de José Manuel Resende, Luís Gouveia, David Beirante e Lucas Freitas de Souza, publicado na revista Educação e Pesquisa, em 2021.


Resumo:

O presente artigo insere-se em um projeto de investigação centrado na problemática da hospitalidade na forma como os alunos agem nos territórios escolares, visibilizada por meio de experiências inóspitas e hospitaleiras vivenciadas por esses atores no decurso das sociabilidades escolares. No quadro desta problemática, pretende-se, em particular, observar como os alunos qualificados como estrangeiros se ligam à escola e, através desses laços, analisar as maneiras como se relacionam com os outros, na figura dos seus pares, em um contexto de transformação na morfologia escolar nas últimas décadas, decorrente do incremento do número de alunos estrangeiros que se matriculam nos ciclos da escolaridade obrigatória em Portugal. Mediante o quadro teórico comumente designado por sociologia pragmática, tenciona-se analisar como alunos se envolvem em diferentes e compostos regimes de ação que visam a fazer o comum no plural nos respectivos estabelecimentos de ensino. Articulam-se, para o efeito, dados de entrevistas semidiretivas e observações etnográficas levadas a cabo em duas escolas públicas do ensino médio português e que têm como traço comum albergarem fortes contingentes de alunos oriundos de contextos de imigração e com diversas nacionalidades. Incidindo o olhar sociológico sobre vários espaços tipificados que compõem o território escolar, é nas exteriorizações por parte desses alunos estrangeiros inquiridos em torno de acontecimentos efervescentes e do modo como habitam a escola que é tratada e evidenciada a problemática do reconhecimento – nomeadamente, as composições do reconhecimento do aluno na sua figura de estrangeiro e as diversas experiências em que esse reconhecimento é ou não experienciado.